Corredor Vasari Manezinho

Vicente Lisboa Capella

Advogado e Professor da UNISUL

Durante muito tempo o grafite foi visto como vandalismo. Os proprietários dos muros repintavam as paredes e registravam o fato na delegacia de polícia do bairro na tentativa de ver o autor responder pelo crime de dano. Independentemente de questões conceituais, as cifras alcançadas recentemente e o destaque no mercado internacional de arte também têm chamado a atenção do público em geral.

Há pouco tempo uma obra do grafiteiro inglês Banksy gerou debate em Bristol, na Inglaterra. O dono do imóvel arrancou a obra do muro com um pé de cabra, mas o presidente da Câmara defendeu “que a arte de rua pertence à rua” e que a pintura pertencia à cidade — atitude bastante distinta da adotada até então pelos políticos de criminalizar o grafite. A discussão é compreensível. Em fevereiro deste ano uma obra do mesmo artista foi leiloada por US$ 575 mil.

A Ilha de Santa Catarina tem o mural mais bonito do mundo totalmente ignorado. A passarela da ponte Colombo Salles, além de uma vista linda para a Hercílio Luz, pode ser ocupada pelos artistas com o apoio e a curadoria da prefeitura ou do Estado. Enquanto ondas de turistas caminham pela Brooklyn Bridge em Nova York, esse programa turístico é inexistente por aqui, apesar de nossa paisagem ser muito mais bonita.

Na passarela da ponte Pedro Ivo existem diversas obras, mas isso não é suficiente para levar o público ao local. Apesar da beleza, é necessário segurança. Mesmo com os postos policiais, poucos se sentem seguros para fazer a travessia. Cruzar por uma ponte e retornar pela outra, com a vista para o símbolo da cidade, trará uma nova opção turística e cultural. Viabilizar uma grande galeria pública voltada para a ponte Hercílio Luz será transformar a passarela da Colombo Salles no Corredor Vasari Manezinho. Infelizmente a passarela encontra-se fechada com tapumes.

Publicado no Diário Catarinense de 20/06/2014.