O bolso do contribuinte não é solução
Vicente Lisboa Capella Advogado, Mestre em Direito e Professor da UNISUL FlorianópolisEsta semana tivemos o Dia Nacional do Respeito ao Contribuinte (25/05); contundo, é uma data em que nada pôde ser comemorado. Vivemos um momento de “ajuste Fiscal”, ou seja, o Governo Federal percebeu que está gastando muito mais do que deveria e precisa, como qualquer família, ter receitas e despesas compatíveis entre si. Gastar mais do que arrecada é parte da causa de nossa situação atual. Na busca por uma solução, a principal estratégia é o aumento da arrecadação com a majoração de tributos. Mas não devemos nos enganar, o aumento realizado agora não sofrerá a proporcional redução quando o País retornar a uma situação econômica favorável. O passado demonstra isso de forma irrefutável.
Ainda no período em que o Brasil era colônia de Portugal houve, em 1755, um grande terremoto em Lisboa e o Império português necessitou de recursos para a reconstrução de sua capital. No ano seguinte, foi instituído no Brasil, o imposto para a reconstrução de Lisboa que deveria ser cobrado por dez anos. No entanto, foi periodicamente prorrogado sendo exigido até 1816.
Atualmente a alíquota máxima do Imposto de Renda das Pessoas Físicas é de 27,5%. Até 31/12/1997 o teto era de 25% e, durante o governo FHC, a subida foi justificada pela Crise dos Tigres Asiáticos de 1997. Depois disso, passamos por tempos de bonança e hoje enfrentamos outro problema, mas a alíquota nunca retornou ao patamar inicial.
Já na gestão Dilma, o IOF – Imposto sobre Operações Financeiras, incidente sobre as operações de câmbio, foi majorado de 2,38% para 6,38% em 2011. Dentre outras justificativas, a medida buscava conter a queda do dólar, na época cotado a R$ 1,65. Atualmente o dólar é negociado próximo a R$ 3,00 e não se fala em reduzir o IOF dos cartões de crédito. Pelo contrário, tivemos em 2013 a majoração do imposto para as compras em cartões pré-pagos.
Não devemos ter ilusões, qualquer majoração tributária realizada hoje sob a justificativa da crise permanecerá, mesmo após seu fim. Devemos exigir que o Governo Federal reveja suas despesas ao invés de transferir aos Contribuintes o ônus de sua gastança.
Fonte: Publicado no Jornal Notícias do Dia de 28/05/2015.